Ai “Dona Clarice”!





Essa Dona Clarice é danada pra me provocar.
‘Me bota’ umas perguntas na cabeça.
Vixe... martela, viu!
Aí começa a agonia. Aquela agonia que dá porque tem algo que quer ser parido; tem "um negócio", feito nó, que quer sair... mas não sai pela boca – tem um obstáculo na laringe que o impede.
E “a coisa” (como ela chama) incomoda.
Quer ver incômodo ainda maior? Se “a coisa” for feita com ‘pedaços de mim’. Ai como dói!

Mas, como a Dona Clarice é também mulher muito generosa, sempre me vem com uns agrados.
‘Me acalma’ que é uma beleza! Posso até dispensar a minha dose diária de Valeriana Officinalis. Poderosa essa moça!

Com Dona Clarice me compreendo com mais naturalidade e Leveza – apesar da própria moça não ser assim o melhor exemplo de Leveza – e, certamente por isso, torno-me mais generosa, mais amante de mim, mais atenta... mais GENTE!

Tenho que reverenciar Dona Clarice. Publicamente!


ESCREVER
“Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. [...] Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva.
[...] É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase impossível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação.
Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada. [...].”

Clarice Lispector,

fragmentos de ESCREVER publicado no
Jornal do Brasil em 14 de Setembro de 1968.
Extraído do livro A Descoberta do Mundo, pág 134.

Clarice Lispector, a minha Dona Clarice, tem me abençoado bastante.
A Benção Dona Clarice?

Lu Barros
Sábado, 25 de agosto de 2007.
De manhã bem cedinho.

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