Ensaio sobre o Exercício do Desejo

Quando não esperava mais chuva
rasga, bem na minha cara, um vento.
Aquele vento quase gelado
que roça com paixão
meu corpo quente
e me emprenha de poesia.
O dia está cinza
em mim é vermelho
o vento insiste e
corta o tempo
esbofeteia e
lambe-me a face
provoca e ama
me põe em agonia
e eu desejo a noite






Desejo – ato ou efeito de desejar/ vontade de possuir ou gozar/ anseio; aspiração/ cobiça; ambição/ vontade de comer ou beber; apetite / apetite sexual


Novo Aurélio Século XXI. O Dicionário da Língua Portuguesa.




Escolhamos quaisquer destas definições. Feito?
Agora imaginemo-nos na impossibilidade da realização do desejo.
Imaginemos agora se a não realização do desejo nos é imposta por nós mesmos.
Seria loucura o que tento insinuar, que não devemos limitar os nossos desejos? Até pode parecer!
Consideremos, então, que nesta aparente loucura o que há, de fato, é um estado de consciência estampada na LUCIDEZ que permeia as experiências e experimentos e, que garante a ausência da insanidade. OK?
Logo, lúcidos, debrucemos nossa atenção em duas perguntas:

- Como posso imaginar que tenho o direito de sair por aí a Realizar os meus desejos?

- Como posso imaginar que tenho o direito de Reprimir o meu desejo?

Numa hora e noutra temos que escolher esta ou aquela opção. Qualquer delas acarretará, para nós, um ônus. Pois que o desejo é algo muito íntimo: “o meu desejo é...” podendo ser, ou não, também do outro, ou outros.



Realizar - Assumi-lo e executá-lo promove em nós uma sensação de prazer, de plenitude e conforto – além dos efeitos adversos advindos da insatisfação do outro.


Reprimir - (Pesa em mim só em proferir este conjunto de letras). O conforto aí se estabelece com os outros, que são alheios aos nossos desejos mais íntimos; com os que poderiam sentir algum efeito negativo da execução do exercício do desejo.
Então, parece-me que este duelo, quase mortal, é uma constante em nossa existência.

E a Lucidez?
Ah a lucidez: um dom e um castigo.
Como um punhal de duas faces escarna diante dos nossos sonhos a realidade e por isso, quando lúcidos, somos agraciados com a possibilidade de transitar, incólumes e conscientes, no Exercício do Desejo.

Relato de uma mulher entre aspas


Passei uma tarde inteira entre as aspas.
Utilizei-me delas para garantir a minha integridade, dando uma cara e tom de verdade tudo o que dizia.
Cada vez que eu colocava as aspas emoldurando uma frase, já conhecia a minha intenção em velar aquilo que realmente sentia.
As aspas foram quase um make-up. Uma máscara. Pois sim, coloquei máscara. Não para os outros, mas para mim mesma. Fantasiei-me de aspas e concluí, naquela mesma tarde, que, toda tarde, estaria ENTRE ASPAS. E ali, emoldurada por elas, presa, não consegui.


Sentia o peso de um “estado de impactação”. Não é impactação de IMPACTO, IMPACTADA. É de congestionada; entupida.
Mas olhe, é bom que fique bem claro que este “estado de impactação” é anterior às aspas. Nada têm elas há ver com isso. Em verdade, elas me possibilitaram respirar mais à vontade, livrando-me de uma morte por asfixia.
Ora, mas de que adiantava tamanha ajuda se eu certeza possuía que tudo que falara entre as aspas era a minha tentativa de maquiar, para mim, a verdade.


O Céu andou sobre a minha cabeça
O Sol se pôs sob meus olhos
O Mar da Baía fez cócegas em meus ouvidos
A Música visitou-me
E eu não consegui.
Era isso que falava. Ao esconder a verdade de mim mesma bloqueei-me. Entupi-me.
Que tolice a minha tentar escrever algo sem que estivesse livre, com a alma imersa, submersa em verdade, em estado de pureza, destituída de máscaras.
Dona Clarice já havia me avisado que é assim em “A perigosa aventura de escrever”.

Ai “Dona Clarice”!





Essa Dona Clarice é danada pra me provocar.
‘Me bota’ umas perguntas na cabeça.
Vixe... martela, viu!
Aí começa a agonia. Aquela agonia que dá porque tem algo que quer ser parido; tem "um negócio", feito nó, que quer sair... mas não sai pela boca – tem um obstáculo na laringe que o impede.
E “a coisa” (como ela chama) incomoda.
Quer ver incômodo ainda maior? Se “a coisa” for feita com ‘pedaços de mim’. Ai como dói!

Mas, como a Dona Clarice é também mulher muito generosa, sempre me vem com uns agrados.
‘Me acalma’ que é uma beleza! Posso até dispensar a minha dose diária de Valeriana Officinalis. Poderosa essa moça!

Com Dona Clarice me compreendo com mais naturalidade e Leveza – apesar da própria moça não ser assim o melhor exemplo de Leveza – e, certamente por isso, torno-me mais generosa, mais amante de mim, mais atenta... mais GENTE!

Tenho que reverenciar Dona Clarice. Publicamente!


ESCREVER
“Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. [...] Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva.
[...] É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase impossível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação.
Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada. [...].”

Clarice Lispector,

fragmentos de ESCREVER publicado no
Jornal do Brasil em 14 de Setembro de 1968.
Extraído do livro A Descoberta do Mundo, pág 134.

Clarice Lispector, a minha Dona Clarice, tem me abençoado bastante.
A Benção Dona Clarice?

Lu Barros
Sábado, 25 de agosto de 2007.
De manhã bem cedinho.

Cheiro de casa - Cheiro, Saudade, Primavera


Quando estivermos cansados, exaustos, irritados, consumidos...


Cheiro de Casa


Casa tem um cheiro que a gente não encontra em nenhum outro lugar.
Casa de telha; casa com plantas; casa com água de talha, de filtro; casa com goteira.
Em casa venta mais.
O Cheiro de Casa mora ‘na gente’. Cheiro de Casa vai longe onde quer que a gente vá. Fica guardado esperando o dia de encontrar casa e nosso Cheiro de Casa aflorar.
Tenho desejado tanto uma casa de telha para morar... Olha que nem lembro da minha casa quando era de telha. Mas, conheci outras tantas cheias delas... as plantas, os pássaros, cágados, macacos e cachorros; pé no chão, banho de mangueira, cabriola, capitão. Tudo é casa. Com parede molhada ou não.

Cheiro de Casa também tem música.
Caetano Veloso e Gal Costa.
Fim de tarde, sentada à mesa tinha a música da sopa.
Ave Maria de Schubert por Steve Wonder... me acalma todas as tardes só de lembrar-me o Cheiro de Minha Casa. Café com leite, pão, batata e margarina. Casa de Painho e Mainha. Rita, Rafa, Glorinha, Marcio, Fernando, Voinha.

Hoje, sozinha em minha casa, tão bem e feliz, tantos amigos de verdade; tantas verdades descobertas todos os dias; tantos nós desatados, laços amarrados...
Aqui, às vésperas de mais uma Primavera rodeada de doces lembranças não me esforço para conter as tímidas lágrimas que me beijam a face.
Saudade?
Vontade de uma casa com mais “gentes”?
Não procuro as respostas. Sinto.
Deixo que a noite corra, espero que o dia amanheça e amanhã... Ih! Já dizem há muito: “o futuro a Deus pertence”. Continuo, pois, a abrir os caminhos da minha vida contando que a Felicidade será minha companheira, até nos mais difíceis dias, nas noites mais solitárias. Sou eu: Lu, Feliz.

A Lua, a Força e o Vento


A Lua

É Lua Cheia e eu sangro.
Sangram o meu peito e ventre.
Há poucos dias pari um poema...
Sei, com clareza, os elementos da sua concepção; o período em que o gestei; o início das contrações e finalmente o parto.
A sensação não foi de um nó que se forma em mim para que eu expulse a LETRA.
Este poema nasceu “feito laço”...
Com todo respeito que tenho à minha obra este tem sido o mais Belo entre todos os meus rebentos.

A FORÇA

Ele tem outra Mãe: A Força que me inspira! Ela pariu junto comigo.
Dedico este poema à FORÇA, que não sei de onde vem, mas é presente em mim.
E, é com muita simplicidade que deixo que ela me possua sempre.
Emocionada, profundamente emocionada, agradeço ao Universo esta Graça: ser possuída por tal Inspiração.


O Vento

Ela, A Força, vem no Vento, o Veículo.
O Vento leva e traz os meus devaneios, os meus sonhos mais absurdos, meus secretos desejos, meus mais simples quereres...
Ao Vento conto. Ai e como ele me escuta...
O Vento Travesso, huummm, Velho Amigo. Sempre sopra na Primavera e apronta travessuras comigo. Por ele tenho muito respeito, pois que me traz amores, escuta-me, ri de mim, me acalma e me inspira.


Na Lua, ao Vento, pela FORÇA

Hoje,
pela Lua Cheia,
pelo Amor,
pela Beleza de um poema e
para homenagear a Força de me inspira,
quis recitar.
Este poema que escrevi há alguns dias.
Não foi fácil. Conhecia apenas duas das pessoas que me assistiriam.

Dessa vez eu precisava dizer ao Vento, no Tempo
Precisava que saísse de mim, ainda sob efeito da criação.
Precisava agradecer e homenagear a Lua Mãe, o Vento e a Força.
Foi um Rito.
Foi uma Oração
Foi a minha Oração.
Recitar este poema e poder, em minha carne, em meu ventre em rubro sentir vibrar tanta Beleza, tanto Amor, tanta Luz.
“Ai meu Amor, meu Amor!” é o poema.
Não , não. Dessa vez vocês não o terão por e-mail. Ele está sendo incubado ainda.
Todos terão o prazer de lê-lo logo que publicar, o que acontecerá em Carne Viva...

27 de Outubro de 2007

Feito Nó - Uma Performance Poética



Quando o dia hoje começou para mim era dia 1º de outubro, 05h28min da manhã.
Agora não sei o dia nem mesmo a hora. Sei que a Lua Cheia está em seu último ato desta primeira sessão primaveril.
E eu, certamente, ao final do meu ato primeiro.
A noite foi linda. Espetacular!
Agora não consigo traduzi-la em LETRA. Ainda me consumirá um pouco até que expulse de mim.
Queria ter trazido para minha casa todo o elenco, os músicos, irmãos, os amigos imprescindíveis. Mas hoje é terça-feira...
E cá estou em minha cama. No ponto de partida da minha poesia. Lembro-me que os primeiros e inconscientes versos foram escritos, solitariamente, tendo como companheiros um abajur amarelo, a música e algumas taças de vinho. Aliás, ainda escrevo muito na cama, mas também na rede, na rua, no ar, no mar, na chuva...
Bem, volto para casa. Só. Volto para minha Poesia, me encontro com a minha LETRA – nós, juntas. Sempre. Na “segurança da minha Insana Liberdade” (do Poema “Insana Liberdade ou O Trinômio” – Lu Barros)
...

Não consigo dormir.

Obrigada minha família – Quinca e Mari devem ser especiais vocês entendem, né?; Amigos – velhos, novos, da Ufba, da Unidade, da FTC, do Bob’s, da Música, da Vida, do Luar, do Mar, do Ar, das Águas Doces, das Matas, do Fogo e da Terra...

O efeito do Belo vibrando em minha carne, em minha alma é mais forte que o meu cansaço. As minhas pílulas naturais perdem o efeito diante da magia da noite de Feito Nó – Uma Performance Poética.
Eu sabia que estava lindo. Mas era a pessoa menos indicada para avaliar. Poderia ser totalmente parcial em minha avaliação, mesmo certa do meu bom gosto, da forma criteriosa como vejo as coisas. Ainda assim não imaginava que seria tão bem aceito por vocês.

Eles foram excepcionais. Mesmo esquecendo alguns versos – eu aceito – estava lindo.
Falava para eles, num dos nossos últimos ensaios, o quanto aprendi com os três. Publicamente, com toda a minha alma em Carne Viva por Feito Nó,

Diva Kardoso – A Loura, a mulher do drama, da voz grave e penetrante – Obrigada querida por ter acolhido com tanto amor e dedicação a minha LETRA. Que sejam nossas essas letras, estes versos. Um banho de Energia Amorosa, Saúde e Prosperidade!

Karla Koimbra – A Ruiva. Exuberante em talento e em curvas!!! Que, atentamente ouvia minhas humildes indicações para tornar seu trabalho ainda mais Belo. Linda,Conseguimos alcançar Lu Barros. Que a sua Estrela brilhe nos palcos de Salvador. Sucesso, Paz, Amor e Saúde!

Moisés Rocha – O Cara. Sensibilidade e Inteligência – Roteiro, Direção e Atuação – Talento puro, na alma. Desde o início – há 4 meses – apreendeu a essência da LETRA de Lu Barros. Mesmo quando desconstruiu, em sua interpretação, um ou outro poema, não a negou. Valeu Moka! Sinto-me deflorada, artisticamente, por suas mãos – Um Prazer! Na luta Mano, tenho outros textos para você! Sucesso, Paz, Prosperidade, Tranqüilidade e Sublime Amor!

Flávia Fernando – Linda!!!! Também Escritora. Bela LETRA tem a minha Amiga Flavinha. Autora do texto de abertura, que é a apresentação do livro. Foi quem primeiro apontou como poesia as linhas que escrevia há distantes três anos. Meu Amor, todo Amor que o Universo possa nos oferecer envolvendo sua existência.

Silvana França – De Nutricionista a Artista? Vamos levar você para o palco, fique certa disso. Você me inspira desde que a vi no Auditório Germano Tabacof. Conhece? Moisés falava, ontem á noite, embevecido com a sua participação. Eu não consigo expressar o contentamento de minha alma. Doçura, ainda mais Amor, Leveza, Arte, Saúde e Prosperidade!

Kal dos Santos – O Guru da Trilha! Querido, estou ansiosa para que nos encontremos. Preciso mesmo sentir a sua tez. A minha alma poética pede por isso. Você nos embalou com uma magia que me traga sempre que escuto. Feito laço – a música – pulsa em mim e certamente dará um poema... Lindo, Prazer e Honra são os sentimentos que primeiro me surgem quando penso na sua participação em Feito Nó. Ainda mais Beleza e Amor e um pedaço de rapadura, da Feira de São Joaquim!

Rosella Cazzaniga – Doce e Rosada moça que fez com Kal a trilha. Querida, aguardamos sua visita ao Brasil. Faremos uma festa para celebrarmos a música linda que criaram para Feito Nó. Saúde e Paz!

Cacau do Pandeiro – Meu Preto da Carapinha Alva. Responsável por um som que despertou a minha alma poética quando o vi na Reitoria nos idos de 2004. Não é lindo ele? Já entenderam porque sou tão devotada? Sou uma aluna relapsa, não tenho tempo de estudar e sempre levo bronca!!

Juvino Alves – O Clarinetista. Viu a minha poesia nascer – ainda que não a conhecesse. A LETRA, por muitas vezes surgiu embalada pelo sopro aveludado do seu instrumento. Sempre grata pela inspiração. Valeu Ju, continuo contando com você para irmos aos palcos com Carne Viva... Sucesso, muita Alegria, Leveza, Harmonia e Prosperidade!

Rafael Barros – O Sonoplasta. Valeu Rafa, sabia que iria gostar. É assim, a gente precisa se jogar naquilo que gosta. Sem avaliar muito os riscos. Confie e vá meu irmão. Vamos para o palco juntos! Sucesso e vá em frente guiado pelos seus desejos mais genuínos e, certo que a Energia Amorosa da generosidade e da compreensão nos alimenta de verdade e faz a Espiral do Universo girar, girar, girar...

Glória Barros – A Holding – Pegou no embalo. Modelo de calma e tranqüilidade que nunca soube seguir. Minha irmã, minha amiga, vale sempre a sua força, o seu incentivo, a sua Beleza, a Beleza da sua Beleza e de Manu – Minha Nega Marieta!

Jeanne Gubert – A Mulher do Vestido, criação dela e de Mônica Anjos. Foi amor à primeira vista! Adoro o traço desta criatura e a sua simplicidade e de Joaninha – Lindas! Vou levar o chá para tomarmos num pôr de sol do Rio Vermelho. Vamos sim criar juntas! Mais Brilho e Saúde e muito Amor meninas.

Déo Carvalho – O Maquiador! Sutil foi o nosso encontro, foi-se criando um caminho até que chegasse até ele. Portador de uma energia tão tranqüila e apaziguadora. Generoso e Doa, doa,doa, oferece ao Universo uma Energia sem par. Querido, nos encontramos. É isso! Vejo um caminho ...

Zethi e Deise – As Meninas do Jequitibar. Valeu meninas, o acolhimento, a força e a parceria. A galera adorou o Caldo. Já sabia que seria sucesso! Muita Paz, Prosperidade e Energia Boa!


Aos que não apareceram no palco, mas que me apoiaram muito:

Luciana Néri – Lurius
Décio Vianna – Dedé
Jackeline Diz – Jack
Silvia Pimentel – Silvete
Lu Pimentel – Lu
Max – Max
Sucupira – Suk
Camila Lourencini – Mila (minha assistente)
Saúde Coletiva – FTC
Iluminados Cariocas

Tenho certeza que esqueci de “alguéns”... Perdoem-me.
Um beijo carinhoso,

Lu


02 de outubro de 2007

Domingo de chuva

Passei todo o dia em casa. A chuva era intermitente.
O dia passou e eu construí e desconstruí.
Arrumei papéis, sentimentos, esperanças.
Limpei a casa e o meu coração.
Lavei minhas roupas e a minha alma.
Varri.
E não botei debaixo do tapete minhas reais expectativas quanto ao meu futuro. Ao contrário, coloquei-as bem em cima da mesa que havia acabado de perfumar, como se (sem saber) ali preparasse o terreno afim de que brotassem as sementes lançadas... ao vento, pois foi um dia de vento.
Vento forte, decidido assim como eu hoje.
Decidi que ficaria comigo mesma, sozinha, digo, com as minhas expectativas, meu planejamento para o segundo semestre e minha vida.
Foi fácil. Não doeu. Foi um prazer estar comigo e com meus planos.
Na minha arrumação não faltou espaço para futuras conquistas (no trabalho e na academia); um grande amor – avassalador e correspondido; mais conforto, tranqüilidade, silêncio e prazer; mais, e ainda mais perto dos meus amigos; mais amiga dos meus irmãos; o doce sonho da maternidade em momento oportuno; a lembrança do quanto fui feliz quando dividi a minha vida com alguém muito especial; de como sou feliz por ser ele (meu amigo de sempre); de como sou feliz por ter uma família ‘invisivelmente presente’ em minha existência; Mariana e Joaquim: maravilhosos presentes dos meus irmãos para o meu coração maternal...
“Poesia em forma de sorriso”, disse um amigo a meu respeito.
E, com todo respeito, eu hoje me entreguei à minha poesia!
Permiti que ela me deixasse mole, que ela dissesse que cômodo da casa iria arrumar; que parte de mim iria tocar; que sabor iria provar.
Passei o dia e x p e r i m e n t a n d o!
Hoje experimentei dividir o meu dia entre Luciane A Barros da Rocha e Lu Barros.
Talvez, pela primeira vez, assumo que fiz poesia não como quaisquer cinco minutos que sobram no dia de Luciane A Barros da Rocha.
Fui uma e fui outra, cada uma em seu tempo.
Foi o dia em que mais amei a minha poesia. Estava mais viva hoje. Um dia regido pela chuva que batia em minha janela; pela beleza dos pássaros que consegui avistar.

O dia em que o vento
gritou bravo de prazer
me emprenhado de poesia.

Salvador, 29 de julho de 2007.
Já é noite e ainda chove.
Lu Barros

O Novo de novo


Em comichão, às voltas com novos compromissos, novas responsabilidades, novas pessoas, novos ares e, precisando ser 03 ao mesmo tempo...
Corre, corre, corre... corre mais menina, que ainda não deu tempo!!! (é o que sinto às vezes).
Carne Viva...
Está pulsando em mim. E cada dia mais.
A cada novo ensaio pulsa a beleza da Minha LETRA viva nos corpos de
Diva Kardoso,
Karla Koimbra e
Moisés Rocha,
e este formatando com lucidez (também dirige os atores) o que SENTE a Minha LETRA! Fico sem fôlego nestes ensaios!!!
Agora, com a participação de dois músicos e amigos, Meu (Nosso) Mestre Cacau do Pandeiro e
Juvino Alves.
A.P. Juniu trabalhando na arte gráfica do meu Rebento. Minha LETRA deixando de ser só minha e virando em outros papéis que não são os meus, em outras mãos que não são as minhas.

Lu e Lu Barros ainda mais feliz(es) e grata(s) a todos eles e a todos vocês amigos, incentivadores,
admiradores... Todos que vêm me ajudando a me perceber e aceitar essa tal de Lu Barros.

Foi com toda essa novidade fervilhando em meu juízo e pulsando em minha alma que escrevi o poema seguinte.
Sem medo da redundância e possuída de emoção repito: Obrigada!


O novo de novo

De novo o novo me arrebata
me levanta as vestes
e nua me deixa
causa-me o frio e
o calor da dúvida

Mas escolho o novo.
O novo que já é
quase velho em mim
novo que trago em minha alma
há dias, meses, anos

Entrego-me inteiramente ao novo.
Uma só parte com ele
e diluo-me!
E nada em mim sobre
sem que dele esteja impregnada.
Uma vida nova
de novo.

14 de agosto de 2007, quarta feira, às 13:00
em meu plantão no HGRS.

Num Blog???

É sempre um processo lento e sob efeito de muito estímulo que eu consigo expor A LETRA.
Assim também está sendo a criação deste espaço. Sem muita intimidade vou adentrando por aqui...

A LETRA tem percorrido uma suave trajetória. No início éramos eu, Ela, uma caneta, a música e o vinho. Depois os amigos íntimos; os menos íntimos, depois ela ficou esquecida; nos separamos por mais de um ano.
A LETRA voltou trazida pela Força e pelo Vento e voltou pra ficar, pra me tomar, me possuir.
Avisa-me, a todo tempo, que Ela não mais me pertence. Feito Nó – Uma Performance Poética é a prova disso.

Agora, não mais escolherei quem terá acesso ao “meu ventre aberto/ minha carne viva”. Está aí.
Publicarei uns textos antigos que contam um pouco desta trajetória. Nem sempre terão data (não imaginava que precisaria disso um dia), o que não será um problema, pois a minha sensação é atemporal. Ainda sinto hoje, tão viva quanto há 3 anos, a dor da criação.
Um abraço carinhoso,
Lu Barros
02 de novembro de 2007.